Cobrança Indevida de Condomínio: O Que Fazer e Como se Defender

Cobrança indevida de condomínio representada por símbolos de cifrão prateados sobre fundo cinza
Símbolos de cifrão representam os valores cobrados em condomínios, que podem ser questionados em caso de cobrança indevida.

Você já recebeu um boleto de condomínio com valores que pareciam não fazer sentido? Essa situação é mais comum do que parece. A cobrança indevida de condomínio acontece quando o morador é cobrado por valores errados, duplicados ou que não correspondem à sua responsabilidade legal.

Mas afinal, como identificar uma cobrança irregular? E, principalmente, como se defender diante dela? É exatamente sobre isso que vamos conversar neste artigo. Vou explicar de forma clara quais são os direitos do condômino, quais medidas podem ser tomadas e quais erros mais comuns acontecem nos boletos de condomínio.

O que é cobrança indevida de condomínio?

Cobrança indevida de condomínio é toda exigência de pagamento feita pelo síndico ou pela administradora que não encontra respaldo legal ou contratual. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como:

  • Lançamento de despesas em duplicidade.
  • Cobrança de taxas referentes a áreas que não foram usadas pelo condômino.
  • Inclusão de valores referentes a reformas ou benfeitorias sem aprovação em assembleia.
  • Erros de cálculo nas cotas condominiais.
  • Cobrança de juros, multas ou correções monetárias de forma abusiva.

Em outras palavras, qualquer valor que não esteja previsto na convenção de condomínio, em deliberação assemblear válida ou na lei pode ser considerado indevido.

Cobrança indevida de condomínio: exemplos práticos

Para tornar esse assunto mais claro, veja alguns exemplos reais que ocorrem no dia a dia:

  • Reforma da fachada: o condomínio decide reformar a fachada, mas a decisão não é aprovada em assembleia. Mesmo assim, a administradora lança o valor rateado no boleto mensal. Nesse caso, a cobrança é irregular.
  • Despesas de vaga de garagem: um morador que não possui vaga é cobrado por despesas específicas de manutenção da garagem. Essa cobrança é indevida, salvo previsão expressa na convenção.
  • Juros e multa fora do limite legal: o Código Civil estabelece limite de 2% para a multa e 1% ao mês para juros. Se o boleto traz percentuais maiores, a cobrança também é ilegal.

O que diz a lei sobre cobrança indevida de condomínio?

A base legal está principalmente no Código Civil, nos artigos 1.331 a 1.358, que regulam os condomínios edilícios. Além disso, a Convenção Condominial e o Regimento Interno têm grande peso, pois estabelecem as regras específicas daquele condomínio.

Segundo o artigo 1.336, I, do Código Civil, o condômino tem a obrigação de contribuir para as despesas do condomínio, na proporção da sua fração ideal, salvo disposição em contrário na convenção. Ou seja, a cobrança deve respeitar o que está escrito na convenção e não pode ser arbitrária.

Já o artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê que o consumidor cobrado indevidamente tem direito à devolução em dobro do valor pago, acrescido de juros e correção monetária, caso o pagamento já tenha sido feito.

Como identificar uma cobrança indevida de condomínio?

Muitas vezes, o morador paga o boleto sem questionar. No entanto, é fundamental analisar os valores com atenção. Veja alguns pontos de verificação:

  • Conferir se os valores lançados foram aprovados em assembleia.
  • Comparar o boleto com o demonstrativo de despesas enviado pelo síndico.
  • Verificar se a multa e os juros estão dentro do limite legal.
  • Confirmar se o rateio respeita a fração ideal do imóvel.
  • Solicitar à administradora a planilha detalhada das despesas.

Se houver dúvida ou inconsistência, o primeiro passo é buscar esclarecimentos com o síndico ou com a administradora.

O que fazer diante de uma cobrança indevida de condomínio?

1. Converse com o síndico ou administradora

Muitas vezes, a cobrança irregular acontece por erro de sistema ou de lançamento. Um diálogo pode resolver rapidamente o problema.

2. Solicite documentos e comprovantes

O condômino tem direito de exigir transparência. Peça a planilha de rateio, a ata da assembleia e outros documentos que justifiquem a cobrança.

3. Registre a contestação por escrito

É importante formalizar a contestação, seja por carta protocolada, seja por e-mail. Assim, você terá prova de que questionou a cobrança.

4. Não ignore o boleto

Mesmo que você discorde, não deixe de pagar as demais despesas que não estão em discussão. Caso contrário, pode ser considerado inadimplente. O ideal é pagar a parte incontroversa e contestar apenas o valor indevido.

5. Procure apoio jurídico

Se o condomínio insistir na cobrança ou se já tiver negativado o nome do morador, pode ser necessário acionar um advogado especializado em direito imobiliário.

Quais são as consequências de não pagar o condomínio?

É importante lembrar que a inadimplência condominial tem consequências sérias. O artigo 1.336, § 1º, do Código Civil autoriza o condomínio a cobrar judicialmente os débitos, inclusive com penhora do imóvel.

No entanto, isso não significa que o condômino deve aceitar cobranças ilegais. O que se recomenda é pagar o que é devido e contestar o que for indevido.

Quando cabe ação judicial?

Se o condomínio não reconhecer o erro e mantiver a cobrança, o condômino pode:

  • Entrar com ação de consignação em pagamento: paga apenas o valor correto, depositando em juízo.
  • Propor ação declaratória de inexistência de débito: pede ao juiz que reconheça que a cobrança é indevida.
  • Entrar com ação de repetição de indébito: se já tiver pago valores indevidos, pode pedir a devolução em dobro, conforme o CDC.
  • Pedir indenização por danos morais: se a cobrança indevida gerar inscrição indevida em cadastros de inadimplentes.

Direitos do morador em casos de cobrança indevida

O condômino tem direitos garantidos por lei, como:

  • Direito à transparência na prestação de contas.
  • Direito de exigir documentos e justificativas.
  • Direito de não pagar valores ilegais.
  • Direito de reaver o que foi pago indevidamente.
  • Direito de ser indenizado em caso de danos materiais e morais.

5 dicas práticas para se defender da cobrança indevida de condomínio

  1. Verifique sempre os boletos antes de pagar.
  2. Guarde atas e comunicados enviados pelo condomínio.
  3. Peça a prestação de contas sempre que houver dúvida.
  4. Registre tudo por escrito, evitando apenas conversas verbais.
  5. Busque ajuda especializada se a cobrança não for resolvida de forma amigável.

Durante a leitura, pode ser útil se aprofundar em outros conteúdos relacionados ao tema de imóveis e condomínios:

Para conferir os dispositivos legais mencionados, você pode acessar diretamente o Código Civil no site do Planalto.

Checklist – Resumo dos principais pontos

  • Cobrança indevida de condomínio é aquela sem respaldo na lei, convenção ou assembleia.
  • O morador deve conferir boletos, atas e planilhas de despesas.
  • Multa máxima: 2%. Juros: 1% ao mês.
  • Em caso de dúvida, conteste por escrito e pague apenas o valor incontroverso.
  • Cabe ação judicial para anular cobranças ou reaver valores pagos.
  • O consumidor pode ter direito à devolução em dobro.

Perguntas Frequentes:

Posso me recusar a pagar o boleto inteiro se parte dele for indevida?

O ideal é pagar a parte correta e contestar formalmente apenas o valor questionado.

Tenho direito à devolução em dobro?

Sim, se você já pagou valores indevidos e o condomínio agiu de má-fé, o CDC garante a devolução em dobro.

O condomínio pode negativar meu nome por valor indevido?

Não deveria. Caso isso aconteça, cabe ação de indenização por danos morais.

Quem fiscaliza a administração do condomínio?

A assembleia de condôminos é o órgão fiscalizador. Além disso, qualquer morador pode exigir a prestação de contas.

Preciso de advogado para me defender?

Em muitos casos, sim. Especialmente quando a cobrança indevida já gerou ação judicial ou inscrição em cadastros de inadimplentes.

Conclusão

A cobrança indevida de condomínio é um problema que pode causar prejuízos financeiros e até restrições de crédito para o morador. Mas a boa notícia é que a lei protege o condômino e existem formas eficazes de se defender.

Se você desconfia que está sendo cobrado indevidamente, não ignore. Questione, peça documentos e, se necessário, busque apoio jurídico especializado. Assim, você garante seus direitos e evita dores de cabeça maiores.

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