Revisão de Aluguel: Quando Pedir e Quais Provas Usar

Miniatura de casa entre pilhas de moedas simbolizando revisão de aluguel e equilíbrio de valores
Casa em miniatura cercada por moedas representa a análise de preço para solicitar revisão de aluguel

Ninguém gosta de pagar nem receber um valor que não reflete a realidade de mercado. Por isso, a revisão de aluguel existe: ela ajusta o preço da locação quando o valor praticado está muito acima ou abaixo dos imóveis semelhantes na mesma região. Mas afinal, quando vale a pena solicitar essa revisão? E que documentos comprovam que o preço precisa mudar? Neste artigo vamos conversar de forma clara sobre:

  • Situações que justificam o pedido de revisão.
  • Provas aceitas por juízes e mediadores.
  • Estratégias para negociar sem romper o contrato.

O que é revisão de aluguel?

A revisão de aluguel (também chamada ação revisional de aluguel) é o pedido formal para alterar o valor inicialmente pactuado no contrato quando houver defasagem significativa em relação ao preço de mercado. A correção pode ser:

  • Para cima — locador demonstra que o aluguel está muito baixo.
  • Para baixo — inquilino comprova que o valor está excessivo.

A Lei do Inquilinato (Lei 8.245/1991, art. 19) autoriza qualquer parte a propor ação revisional após três anos de vigência do contrato ou da última revisão pactuada.

Pergunta para refletir: seu contrato tem mais de três anos e foi reajustado apenas pelo índice anual? Talvez o preço atual não reflita a realidade do bairro.

  • Art. 19 da Lei 8.245/1991 — garante o direito de revisão trienal.
  • Arts. 68 a 70 — tratam do processo judicial quando não há acordo.
  • Código de Processo Civil — regula prazos, perícia e recurso.

Prazos importantes

EtapaPrazo padrão
Primeiro reajuste contratual12 meses (índice acordado)
Revisão judicialapós 3 anos da assinatura ou da última revisão amigável
Contestação em juízo15 dias úteis após citação

Quando pedir a revisão de aluguel?

1. Defasagem acima de 20 % em relação ao mercado

Se imóveis semelhantes são anunciados por valores muito diferentes do seu contrato, há indício forte de desequilíbrio.

2. Mudança estrutural na região

  • Implantação de shopping, metrô ou universidade valoriza o bairro.
  • Insegurança pública ou falta de manutenção pode desvalorizar o entorno.

3. Reforma significativa no imóvel

Melhorias estruturais feitas pelo locador (elevador novo, fachada) podem justificar aumento — mas também é possível revisar para baixo se o imóvel sofreu deterioração além do desgaste normal.

4. Crises econômicas prolongadas

Impacto direto na renda média dos inquilinos reduz o preço de mercado, exigindo revisão para manter ocupação.

5. Variação cambial em contratos comerciais indexados em moeda estrangeira

Se o câmbio disparou ou despencou, uma das partes pode ficar em desvantagem excessiva.

Exemplo real curto: durante a pandemia, muitos pontos comerciais renegociaram aluguéis para baixo a fim de evitar fechamento de lojas.

Principais documentos e provas

1. Laudo de corretor credenciado
Avaliação mercadológica com fotos e preços de anúncios.

2. Pesquisas de portais imobiliários
Prints ou relatórios de sites como FipeZap, OLX, Imovelweb.

3. Anúncios de imóveis semelhantes
Localização próxima, mesma metragem, estado de conservação equivalente.

4. Índices oficiais
IGP‑M, IPCA ou IVAR (FGV) mostram variação geral de preços.

5. Comprovação de reformas ou deteriorações
Notas fiscais, laudo de engenheiro, fotos do antes e depois.

6. Relatórios setoriais de mercado
Publicações de sindicatos da habitação (Secovi) ou Fipe.

7. Estudo comparativo de aluguel (ECV)
Documento técnico elaborado por perito judicial ou assistente.

Dica: junte provas que indiquem valor médio e mostrem que seu contrato foge desse intervalo em pelo menos 20 %. Isso costuma convencer juízes e câmaras de mediação.

Passos para negociar ou ajuizar ação

Como fazer proposta amigável?

  1. Reúna as provas listadas acima.
  2. Envie notificação formal por e‑mail ou carta registrada, propondo novo valor.
  3. Marque reunião (presencial ou virtual) para discutir contrapropostas.
  4. Firmem aditivo contratual se chegarem a acordo.

Vantagem: economia de tempo, custas e honorários.

Quando partir para ação revisional?

  • Se a contraparte se recusar a negociar.
  • Se a diferença for tão alta que inviabilize a continuidade do contrato.
  • Se há urgência de decisão judicial (ex.: risco de despejo por inadimplência).

Procedimento judicial resumido

EtapaO que acontecePrazo médio
Petição inicialParte apresenta provas e pede novo valor
Citação e contestaçãoRéu apresenta defesa15 dias úteis
Audiência de conciliaçãoTentativa de acordo30–60 dias
Produção de provasJuiz nomeia perito; partes podem indicar assistentes90 dias+
SentençaJuiz define valor revisado e data de vigência6–18 meses
RecursoPossível apelação ao TJ6–12 meses

Importante: enquanto o processo tramita, o locatário deposita em juízo o valor pedido ou o que vinha pagando, conforme decisão liminar.

Custo‑benefício da ação revisional

  • Custas processuais: variam conforme o Estado; geralmente 1 % a 4 % do valor da causa.
  • Honorários periciais: em média, de R$ 2 000 a R$ 5 000 para imóveis residenciais e até R$ 20 000 em casos comerciais complexos.
  • Honorários advocatícios: livre estipulação, mas sucumbência de 10 % a 20 % em caso de derrota.

Exemplos práticos

Exemplo 1 – Locador busca aumento

Apartamento de 70 m² alugado por R$ 1 200 há cinco anos. Imóveis similares custam R$ 1 800. Locador apresenta laudo de corretor, anúncios e índice FipeZap. Proposta: reajustar para R$ 1 600. Inquilino aceita após comprovar que valor de mercado médio é R$ 1 650.

Exemplo 2 – Inquilino pleiteia redução

Salão comercial alugado por R$ 10 000 em 2021. Vendas da região despencaram; anúncios mostram médios R$ 7 000. Inquilino notifica locador, apresenta relatório Secovi e dados de movimento. Sem acordo, ajuíza ação revisional pedindo R$ 7 200. Juiz concede liminar para depósito judicial nesse valor. Meses depois, perícia confirma preço de mercado em R$ 7 100 e sentença consolida redução.

Sugestão de imagem

  • Arquivo: revisao-de-aluguel-negociacao-no-condominio.jpg
  • Alt text: locador e inquilino analisando contrato para revisão de aluguel em sala de reunião
  • Título da imagem: Negociando a Revisão do Aluguel
  • Legenda: Análise de relatórios de mercado ajuda a definir um valor equilibrado para ambas as partes.

Checklist final

  • Confirmar se passaram 3 anos desde a última revisão.
  • Levantar anúncios de imóveis semelhantes.
  • Elaborar laudo ou relatório de corretor credenciado.
  • Notificar a contraparte propondo valor justificado.
  • Registrar qualquer acordo em aditivo contratual.
  • Se necessário, preparar petição inicial com provas robustas.
  • Acompanhar perícia e prazos processuais.

Resumo rápido

  • Revisão de aluguel pode ser solicitada após três anos ou quando houver defasagem relevante de mercado.
  • Provas comuns: laudo de corretor, anúncios comparativos, índices oficiais e fotos do imóvel.
  • Negociação amigável economiza tempo e dinheiro, mas ação judicial garante equilíbrio se não houver acordo.
  • Custas e honorários variam conforme o valor de causa e a complexidade da perícia.
  • Documente cada passo para evitar litígios futuros.

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