É possível quebrar um contrato? Veja quando a rescisão é permitida por lei

quebrar um contrato: quando a rescisão é permitida por lei no direito civil
Conflito contratual representado por silhuetas diante de livros jurídicos e martelo do juiz, simbolizando a possibilidade de rescisão amparada pela lei.

Quer saber se dá para quebrar um contrato sem virar um problema maior? A resposta é: em várias situações a lei permite sim quebrar um contrato, desde que exista um motivo válido e que você siga alguns passos de forma correta. Neste artigo, vou explicar de forma simples quando a rescisão é possível, como agir na prática, quais cuidados tomar com multas e prazos e trazer exemplos do dia a dia para você entender sem juridiquês.

quebrar um contrato: quando a rescisão é permitida por lei no direito civil

Nesse post:

O que significa “quebrar um contrato” e quando isso acontece?

Na linguagem comum, “quebrar um contrato” significa encerrar ou desfazer um acordo antes do previsto. No Direito, usamos termos como resolução, resilição e anulação, mas a ideia é a mesma: parar de cumprir porque algo saiu do controle, o outro lado não cumpriu a parte dele ou o acordo nasceu com algum defeito.

  • Resolução por culpa: quando uma parte descumpre o que prometeu.
  • Resilição: quando as partes combinam encerrar o contrato ou quando a própria lei/contrato dá ao interessado o direito de desistir mesmo sem culpa.
  • Anulação: quando o contrato nasce com vício grave, como erro, coação ou fraude.

Você já se perguntou por que isso acontece? Muitas vezes é por inadimplência, mudanças econômicas imprevisíveis, força maior, direito de arrependimento em compras à distância ou cláusulas que permitem o distrato.

Quando a lei permite quebrar um contrato?

1) Inadimplemento grave do outro lado

Se a outra parte não cumpre o que prometeu, você pode exigir o cumprimento ou pedir a resolução com indenização por perdas e danos. Isso vale para contratos de prestação de serviços, compra e venda, locação e muitos outros. A base legal autoriza a parte lesada a romper o negócio quando o descumprimento não é coisa pequena. Planalto

Exemplo prático
Você contratou uma reforma com prazo de 30 dias, pagou 50% adiantado e a empresa parou na metade sem justificativa. Cabe pedir a resolução e a devolução do que pagou, além de eventuais prejuízos comprovados, como ter de contratar outra equipe às pressas por valor maior.

Dica
Antes de partir para o rompimento, notifique o fornecedor por escrito para cumprir em prazo razoável. Isso organiza as provas e evita discussão sobre “surpresa” ou falta de oportunidade de correção.

2) Onerosidade excessiva e fatos imprevisíveis

Em contratos de execução contínua ou parcelada, se um fato imprevisível torna a sua obrigação excessivamente pesada e dá ao outro lado vantagem extrema, você pode pedir a resolução ou revisão. Há também previsão para ajuste do valor da prestação quando surge uma desproporção manifesta. É o que muita gente chama de teoria da imprevisão. Planalto

Exemplo prático
Uma empresa assumiu fornecimento mensal de insumo por 12 meses. Uma crise global provocou salto imprevisível no preço da matéria-prima, inviabilizando a entrega pelo valor contratado. Nessa hipótese, é possível discutir revisão ou até a resolução, dependendo das provas e do impacto real.

Importante: a interpretação atual privilegia manter o contrato vivo quando dá para readequar obrigações, preços e prazos de forma proporcional. Isso se chama princípio da conservação do negócio jurídico e influencia muito as decisões. Conselho da Justiça Federal

3) Força maior e caso fortuito

Eventos inevitáveis e alheios à vontade das partes, como desastres naturais ou fatos de autoridade, podem impedir o cumprimento. Nesses casos, geralmente não há responsabilidade por perdas e danos, e a extinção do contrato pode ser o caminho quando a execução se torna impossível. A lógica jurídica é que ninguém responde pelo que não podia evitar. Planalto

Exemplo prático
Uma enchente destruiu o objeto principal de um contrato de guarda de bens. Se a prestação ficou impossível, a extinção do negócio pode ser reconhecida sem culpa.

4) Direito de arrependimento em compras à distância

Se você contratou fora do estabelecimento físico, como pela internet, telefone ou domicílio, existe o direito de arrependimento em 7 dias a partir da assinatura ou do recebimento do produto ou serviço. Nessa hipótese, você pode desistir e o fornecedor deve devolver tudo, inclusive frete, quando houver. PlanaltoServiços e Informações do Brasil

Exemplo prático
Você contratou um curso on-line e percebeu que não era o que esperava. Dentro de 7 dias, pode exercer o arrependimento e encerrar o contrato com reembolso integral.

5) Vícios de consentimento e contratos nulos

Se o negócio foi firmado com erro essencial, dolo, coação ou com incapaz, pode haver anulação ou nulidade. Aqui, não falamos de “quebrar um contrato” por vontade de uma parte, mas de corrigir um defeito de origem. Em situações assim, é comum a devolução ao estado anterior, com restituições e, às vezes, indenização.

Exemplo prático
Alguém foi coagido a assinar um contrato de compra de veículo sob ameaça. A Justiça pode anular o negócio, com devolução do carro e do dinheiro.

Como decidir entre revisar ou quebrar o contrato?

Em muitas situações, revisar é melhor do que romper. A Justiça tende a buscar soluções proporcionais que preservem o que for possível do acordo. Para ajudar nessa decisão, avalie:

  • Gravidade do descumprimento ou do fato novo.
  • Viabilidade de ajustar prazos, valores ou escopo.
  • Custo de substituição do fornecedor ou do bem.
  • Risco de litígio longo versus um acordo bem construído.
  • Cláusulas de mediação ou negociação no contrato.

Quando a quebra for realmente o melhor caminho, siga um passo a passo seguro, que você encontra mais abaixo.

Multa, cláusula penal e devoluções: o que acontece se eu quebrar um contrato?

Multa e cláusula penal

É comum o contrato prever multa por rescisão. A boa notícia é que a multa não pode ser abusiva. O juiz pode reduzi-la quando for exagerada ou quando houver cumprimento parcial. Isso evita enriquecimento sem causa e incentiva soluções equilibradas. Planalto

Exemplo prático
Uma academia cobra multa equivalente a 6 mensalidades para encerrar o plano anual por motivo de mudança de cidade. O valor pode ser discutido, especialmente se desproporcional ao prejuízo real.

Arras ou sinal

Alguns contratos têm sinal no começo. Dependendo do tipo, se quem deu o sinal desiste sem motivo, pode perdê-lo. Se quem recebeu desiste, pode ter de devolver em dobro. Tudo depende do que está escrito e de como o negócio evoluiu. Planalto

Devolução de valores

Ao romper um contrato, regra geral se busca compensar o que cada parte já fez. Se um serviço foi parcialmente prestado, pode haver rateio. Se nada foi prestado, a devolução integral normalmente é o caminho. Quando existe culpa de alguém, entram perdas e danos.

Ponto de atenção: contratos de imóveis na planta têm regras específicas para distrato, inclusive percentuais de retenção, prazos e forma de devolução. Há uma lei própria para isso, conhecida como Lei do Distrato. Planalto

Exemplos práticos: posso quebrar um contrato nestes casos?

Aluguel residencial

  • Descumprimento do locador em consertar vícios graves pode justificar rescisão com eventual indenização.
  • Saída antecipada pelo inquilino costuma gerar multa proporcional ao tempo que faltou para terminar o prazo.
  • Dica: verifique a cláusula de multa e comunique por escrito com antecedência.

Prestação de serviços (reforma, design, manutenção)

  • Atrasos reiterados e falta de qualidade permitem resolução e, conforme o caso, indenização.
  • Se parte do serviço foi entregue, costuma haver ajuste proporcional de valores.
  • Tenha ordens de serviço, e-mails e fotos como prova.

Escola particular e cursos

  • Na maioria dos contratos, sair no meio do semestre pode gerar multa proporcional.
  • Se a escola muda significativamente a prestação sem motivo (por exemplo, reduz carga horária sem reposição), você pode discutir revisão ou rescisão.

Academia e planos de assinatura

  • É comum a previsão de multa para encerrar o plano anual.
  • Motivos como doença, mudança forçada de cidade ou falta de prestação podem reduzir ou afastar a multa, conforme as provas.

Compra de produto ou serviço pela internet

Imóvel na planta

  • Existem regras específicas para distrato, inclusive retenções e prazos. É essencial ler atentamente o contrato e, se necessário, negociar com a incorporadora à luz da lei aplicável. Planalto

Como quebrar um contrato com segurança: passo a passo

  1. Leia o contrato do começo ao fim
    Identifique cláusulas de multa, aviso prévio, mediação, direito de arrependimento e hipóteses de rescisão.
  2. Reúna provas
    Guarde faturas, comprovantes, mensagens, protocolos, fotos e vídeos. Prova organizada encurta o caminho.
  3. Notifique formalmente
    Envie e-mail, carta registrada ou notificação extrajudicial com prazo objetivo para corrigir o problema ou encerrar o contrato de forma ordenada. Em contratos com cláusula resolutiva, a formalidade costuma evitar surpresas. Planalto
  4. Negocie antes do litígio
    Proponha revisão de valores, prazos ou escopo. Sempre que possível, busque mediação. Isso conversa com o princípio da conservação do negócio. Conselho da Justiça Federal
  5. Calcule o impacto
    Avalie multas, retenções, custos de troca de fornecedor e tempo para solucionar. Às vezes, revisar resolve melhor do que romper.
  6. Formalize o distrato
    Se chegarem a um acordo, façam instrumento de distrato com datas, valores, prazos de devolução e quitação. Evite termos vagos.
  7. Busque orientação jurídica
    Cada caso tem nuances, principalmente quando envolvem consumo, imóveis, franquias e contratos empresariais. Um acompanhamento técnico reduz riscos.

Erros comuns ao tentar quebrar um contrato e como evitar

  • Agir no impulso e parar de pagar sem notificar.
  • Ignorar a multa e só descobrir depois que ela existe.
  • Ficar sem provas do descumprimento ou da negociação.
  • Não observar prazos, especialmente em arrependimento de 7 dias em compras à distância. Planalto
  • Assinar distrato genérico que não define datas e valores.

Como os juízes costumam analisar pedidos para quebrar um contrato?

Os tribunais olham o conjunto: o que as partes combinaram, como se comportaram, quais provas existem e o que é proporcional diante do problema. Três ideias costumam pesar:

  • Boa-fé e cooperação: as partes devem agir com lealdade e transparência.
  • Equilíbrio: a solução não pode punir além do razoável, nem premiar o descumprimento.
  • Conservação: se dá para ajustar e salvar o contrato, essa via é preferida. Conselho da Justiça Federal

Palavras que aparecem no contrato e o que elas querem dizer

  • Cláusula resolutiva expressa: prevê que certo descumprimento encerra o contrato automaticamente.
  • Cláusula penal: a famosa multa por descumprimento. Pode ser reduzida se exagerada. Planalto
  • Força maior: evento inevitável que impede o cumprimento.
  • Reequilíbrio: ajuste de prestações para recuperar a proporção quando fatos imprevisíveis distorcem o combinado. Planalto

Casos em que não vale a pena quebrar um contrato de imediato

  • Quando o problema é pontual e a outra parte se dispõe a corrigir.
  • Quando a multa supera em muito o prejuízo da continuidade.
  • Quando há cláusula de mediação obrigatória e pular essa etapa pode gerar risco processual.
  • Quando a prova é fraca e a discussão pode se arrastar, custando mais do que ajustar o acordo.
  • Texto oficial do Código Civil com as regras de resolução, multa, força maior e revisão. Planalto
  • Texto oficial do Código de Defesa do Consumidor com o direito de arrependimento de 7 dias. Planalto
  • Lei do Distrato para contratos de incorporação imobiliária. Planalto

Checklist rápido: posso quebrar um contrato agora?

  • O outro lado descumpriu algo essencial?
  • Existe prova do descumprimento ou do fato novo imprevisível?
  • cláusula de multa e ela é proporcional? Planalto
  • notifiquei formalmente e dei prazo para corrigir?
  • Avaliei custo, tempo e risco de revisar em vez de romper?
  • Consigo formalizar o distrato com prazos e valores claros?
  • Preciso de apoio jurídico para blindar a decisão?

Perguntas frequentes

Posso quebrar um contrato só porque me arrependi?

Depende. Em compras à distância, o arrependimento em 7 dias é garantido por lei. Em contratos em geral, só se houver cláusula de desistência ou quando fatos e provas justificarem resolução ou revisão

A multa do meu contrato é muito alta. Tenho de pagar mesmo assim?

Multas exageradas podem ser reduzidas judicialmente. A análise considera proporcionalidade e cumprimento parcial.

A empresa atrasou, mas disse que vai entregar. Rompo ou espero?

Se o atraso for pontual e houver boa-fé e plano claro de correção, pode ser melhor negociar. Se o atraso for reiterado e comprometer o objetivo do contrato, a resolução se torna viável.

Preciso ir ao Judiciário para quebrar um contrato?

Nem sempre. Distratos e acordos resolvem muitos casos sem ação. O Judiciário entra quando não há acordo ou quando é preciso declarar direitos e reduzir multas

E se eu parar de pagar sem avisar?

Você corre o risco de multa, cobrança, negativação e litígio. O caminho seguro é notificar, negociar e formalizar.

Conclusão: dá para quebrar um contrato do jeito certo

É possível quebrar um contrato com segurança quando existe base legal, prova e procedimento. Em muitos casos, a revisão preserva tempo e dinheiro. Quando a ruptura é inevitável, seguir um passo a passo e alinhar expectativas reduz riscos. Se o seu caso envolve multa alta, fato imprevisível, falta de prestação ou contratos específicos como imóvel na planta, vale muito a pena conversar com um profissional antes de decidir.

Quer analisar um contrato agora mesmo ou pensar em estratégias de revisão e distrato? Fale conosco. Nosso time avalia o seu caso com cuidado, explica cenários possíveis e ajuda você a tomar a melhor decisão.

Resumo em bullet points

  • Quebrar um contrato é possível em hipóteses como inadimplemento, onerosidade excessiva, força maior, arrependimento em 7 dias e vícios de consentimento. Planalto+1
  • Antes de romper, notifique, negocie, calcule custos e organize provas.
  • Multas podem ser reduzidas quando abusivas ou diante de cumprimento parcial. Planalto
  • Em imóveis na planta, há regras próprias para distrato. Planalto
  • Em compras à distância, o arrependimento em 7 dias garante reembolso integral.

Compartilhe esse post com alguém:

Faça um comentário:

Fique por dentro de tudo:

Veja também:

plugins premium WordPress